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ás vezes a magia é real
«Ás vezes é preciso afastares-te das pessoas que mais gostas. Mas isso não quer dizer que as amas menos.. às vezes amas ainda mais»
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3 # Carta para os teus pais.
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| deixo-te agora, com uma foto minha |
A Indecência de um grito sobressaltou no coração. Ultrapassou hectares de terra plana e não chegou a ti. Eu corri contra o vento, eu suspirei numa respiração de dor, e todos os esforços foram insuficientes, baixos, a menos de cinquenta por cento. Eu chorei, eu supliquei para não te levarem, eu imaginei andar a loucuras sobre um túnel, para seres a luz do fim. E na outrora, na ponta fina do lápis escrevi o meu “lusíadas” de sofrimento e dor, a vontade de afiar o lápis era sempre constante, a cor cinzenta/preta carregada no branco papel fazia-me lembrar uma história coesa. Eu pronunciei que os sonhos eram mais reais que simples palavras, e que podias construir um mundo na palma da minha mão. Eu ensinei-te a andar descalço na relva molhada, a saborear o doce toque da água cristalina, a sorrir que nem uma criança no baloiço, a apreciar o sabor do som do mar á noite, todos conhecemos as baladas da meia-noite e as histórias de ouvido, eu posso dizer que só conheço as baladas do meu dicionário manuscrito que me suspiram no sonho, que é recriado por ti. Eu poderia entrar na selva, e vestir a pele de leoa, ou sentir-me lá em cima como se a liberdade dependesse das minhas mãos. Não me importava de recriar a minha infância, que foi sem ti porque nunca estives-te presente, mas também a linda inocência de um olhar frequente, ou um abraço com os dedos de dois centímetros a pedirem-te mais. Eu tive a capacidade de ver os ancestrais nos teus braços, e de ver os teus passos a coincidirem com os meus por breves instantes, ninguém te conhece como eu, ninguém sabe fazer-te crescer como eu. A tua filha! Mas do que depende uma palavra solta, sem amor? Gozo. Eu sei, sim, aqui a miúda pensa que também olhas para a lua, com cara de desiludida e triste e pensa que estás a pensar no mesmo. Uma lágrima solta-se, deixa-o ir, recebe-o! Pensa que foi o último, mete-o no teu diário ou cofre, o que lhe querias chamar. Quando te lembrares de mim, olha para a estrela desinibida no céu, mesmo sabendo que nunca o irás fazer, quero demonstrar-te assim.
Agora é o presente, estou a olhar demais para o passado. Nunca ninguém me desiludiu tanto como tu. Espetaste-me uma faca em cheio onde mais medrominhentava. A mãe teve de saber viver outra vez, a tua filha mais pequena chora ao ver-te. Agora, neste momento, espero que não estejas bem. Ninguém imagina a dor que passamos medido ao tempo em que te entretias a brincar com os frágeis corações. Foi quando te decidis-te ir embora e querias deixar-nos na rua fria sem nada. Foi preciso saíres da nova vida para sermos felizes, foi preciso abandonares tudo para desobrirmos o que realmente és e as provas que nos chegavam dia-a-dia e me faziam ódiar-te cada vez mais. Hoje digo-te, nunca te vou perdoar e por ti, apanhei uma depressão tanto eu como a minha mãe. Não tenho pai, é assim que te quero lembrar e é assim que sou feliz. Não te vejo à meses e isso faz-me melhor do que bem.
Há sonhos que fazem levantar asas, outros que aterras no momento em que os divulgas ou então outros que nem lutas. Desci mil e uma escadas para subir mil e duas. Hoje, sou feliz, sem ti.
- Amo-te mãe, minha lutadora, mulher da minha vida!